quinta-feira, outubro 1

Two days left, two lonely riders still, till they reach the destination...

Na oitava manhã ao acordar tudo parecia simples. Já não era a primeira vez que desmontaríamos uma tenda, ou encaixaríamos toda a carga em cima da moto. A ideia era sair da Comenda (que fica a meio da etapa do Crato a Amieira do Tejo) em direção a Amieira. Concluímos essa ideia, mas com um custo muito maior que o que imaginávamos; perdêmo-nos antes de chegar a Amieira, e para piorar a situação, o mártir do Lula ainda parte o seu cabo de embraiagem, e fica sem bateria na moto (que o obriga a pegar de empurrão). Entretanto lá demos com o caminho certo, enquanto o lula se mantinha atrás, caso fosse preciso corrigir a trajectória.

Enquanto estávamos parados a mentalizar-nos que estaria a ser uma etapa realmente complicada de concluir, aprecia-se uma outra sobremesa, o Tamegão mantém contacto com o carro de apoio que trouxe as motos a Setúbal (iria buscá-las agora no final da etapa em Amieira).
Deviam ser 18H quando avistámos a o forte a que chamam a vila de Amieira, e simultaneamente, desviámos a atenção do roadbook, para um projecto de paisagem já habitualmene reconhecido como final de etapa, não evitámos o risco de nos perdermos nos trilhos.
A vontade do mais sensato diz: Voltámos ao último ponto conhecido, e recomeçaremos a navegação. Apenas uns metros abaixo na colina, os mais destemidos decidiram seguir a razão, e deixar o "corta-mato" para outra altura, não parecia ter saída alguma.
Por baixo do vão, no centro da vila foi onde aparcamos as motos, e passámos uns itens (dispensáveis para o resto do percurso), para o carro de apoio que gentilmente nos "facilitou a vida" acompanhando a frota com alguma proximidade geográfica, e sempre á distância duma chamada.
A partir deste domingo em que muitos o passaríam rodeados da família, restávamos apenas eu e o Coruja para prosseguir com o passeio: nisto seriam horas de fazer contas: aos restantes kilometros, trocos na carteira, assim como tempo disponível.
Já dei umas dicas ao coruja para arrumar o material, mas não posso interferir com o seu modo de arrumação; e, não conseguindo permanecer imóvel enquanto o vejo estrebuchar, saio disparado de mota para comprar umas buchas para o jantar.
Inconscientemente partimos para nova etapa já no fim de tarde (etapa de 80 kilometros), em direção a Malpica do Tejo. Aqui assumo grande erro, porque não me antecipei a verificar os primeiros passos do roadbook, e seguimos a descer o asfalto por 3 kilometros, apenas para apreciar a paisagem do tejo num cais qualquer desconhecido. Seria óptimo noutra qualquer ocasião, mas não ao fim da tarde, e com pouca gasolina no depósito.
É quando estamos a inverter a marcha e a subir pelo asfalto que se dá o impensável, e a Transalp fica sem combustível. Como homens precavidos que somos, vou eu buscar a mangueira que trouxe, para utilizar um pouco da gasolina do Coruja. Devo dizer que me senti em apuros, em poucos segundos comecei a sentir a "moca" dos gases da gasolina, e a dizer disparates. Lá consegui puxar alguma gasolina para o meu depósito, que não deu para muito, apenas para subir o asfalto até acabar novamente a escassos metros de Amieira; foi nesse momento que fomos carinhosamente recebidos pelos seus habitantes, ao que 2 pessoas diferentes me ofereceram á volta de 3 litros de gasolina 95 habitualmente usada para as suas moto cultivadoras. (Não é escusado dizer que já nos tinham dito que o posto de combustível mais próximo era Nisa, a uns 14 kilometros por asfalto.) Por esta altura já era Nisa o nosso destino para o final do dia. E quando estamos a andar no asfalto em direção a Nisa, fica o Coruja sem gasolina na AT; facilmente percebemos que não valeria a pena retirar gasolina do meu depósito, que também era escassa, com a mesma facilidade resolvemos pegar numa cinta de aperto, para atar da Transalp a Africa Twin, e fazer de reboque por 10 minutos já de noite. Ah, nenhum mal aparece isolado, e ao mesmo tempo, partem-se dois fusíveis da AT que estava a ser rebocada, ficando esta sem luzes.

Finalmente chegámos a bomba e como habitualmente, enchemos os tanques. Pedimos o favor de utilizar um canto da bomba para fazer umas reparações de última hora, dar uns toques na escrita, mensagens, sobremesas, wiskies, diga-se que estávamos a viver bem... Até nos demos bem com o proprietário da gasolineira, e sem querer abusar, pedimos-lhe para penoitar lá dentro! Dentro, quer dizer, montámos a tenda dentro do jet wash como podem ver, mas era um sitio relativamente coberto, e fechado da meia noite ás 7 da manhã com grades e cadeado. Foi a melhor e mais segura opção que fizemos para dormirmos seguros.
A próxima é a penúltima alvorada deste passeio, contar-vos-ei no próximo post.
Fotos por Pedro Carrilho.

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