sexta-feira, setembro 25

The trip keeps going on, as well, the spirit keeps rising.

No sexto dia partimos pelas 11H por asfalto em direção á vila de Arronches, onde nos juntámos para uma cigarrada, comer algo, juntar mantimentos para a tarde toda, algum contacto com o multibanco e gasolina para as motos.
Nessa sexta feira já próxima do Domingo de Páscoa despedimo-nos do rider Duarte Mota, forcosamente causada pelo episódio crítico do dia anterior. Assim ficaram 4 almas ainda rumando a Norte, especificamente em dircção ao Crato; etapa também muito bonita e digna dumas belas fotos:
Esta primeira é um cemitério com não mais de 100m quadrados.

Depois de muita navegação, curvas de meter medo, dá-se o anoitecer, temos um estradão de 11 kilometros para completar a etapa! No êxtase da velocidade e emoção, errámos e seguimos em frente (deveríamos virar á direita para o Crato) até chegarmos a uma pequena povoação onde podemos comer, beber, e solucionar o melhor spot para pernoitarmos! A simpática dona do café indica-nos Cabeço de Vide, uma vila também simpática que teria também um parque de campismo. Esse parque era apenas um terreno baldio, junto a um parque de diversões infantil, umas termas e um rio. O segurança que guardava esse parque ajudou-nos dormir mais sossegados, damos-lhe a nossa nobre palavra, em como desmontaríamos a tenda logo pela manhã, montámos a sobremesa, e rapidamente já estariamos a apreciar o mereçido descanso.
A sétima alvorada foi também rápida, de tanto o frio que se fazia sentir; trabalhar rápido para montar tudo na moto na pressinha, sem esquecer a cigarrada no momento em que o Coruja puxava e esticava cintas. Rapidamente atacamos o estradão de terra em direção ao Crato, para completarmos a etapa de ontem. Enquanto apreciamos uma sobremesa ao sabor do vento, sabíamos na altura que estávamos bastante atrasados no nosso percurso, preparámo-nos para enfrentar nova etapa em direção a Amieira do Tejo.
Durante esta etapa não houve problema algum a apontar. Pode dizer-se que ocorreu pelas 16H, a meio da nossa ride, um feixe de luz que vindo daquele belo parque de merendas / campismo da aldeia da Comenda! Essa dita luz veio da nossa esquerda, enquanto fazíamos o percurso em direção a Amieira, foi discutido e unânime que passaríamos ali o resto da tarde com umas cervejas e sobremesas a mistura, e ainda tempo para montar a tenda com a luz do dia. Já era sabido que estávamos a tomar uma postura muito relaxada, em que não conseguíamos sequer terminar uma etapa, mas digo eu que ninguém se terá arrependido dessa noite em que provámos churrasco e vinho verde.

Assim que decidimos ficar no parque de merendas da Comenda, a primeira coisa a fazer foi retirar as malas das motos, e dar uma voltinha na área sem o peso da bagagem.
O Lula e o Tamegão já estavam a vadiar, enquanto eu fazia umas manutenções a viseira da moto, e o coruja vizualizava e transferia as fotos da máquina fotográfica para o seu bebé (que é o mini portátil). Depois, sou eu que pego na minha moto e vou vadiar com o propósito de arranjar lenha para assar um chouriço que nos acompanhava já há dois dias! Chego com a lenha na moto já era de noite, enquanto os outros 3 já tinham pedido o seu jantar, eu juntei-me a eles e passámos um óptimo serão recheados de sobremesas e vinho verde hehehe.

A próxima alvorada, assim como os últimos três dias de passeio conto-vos no próximo post. Com sorte já teremos uma agradável compilação de vídeos. Acredito que o nosso repórter fotográfico Coruja nos irá presentear o quanto antes para que os nossos simpáticos leitores não percam o ânimo desta extasiante odisseia;)
Fotos por Pedro Carrilho.

segunda-feira, setembro 21

Em linhas grossas te mostro "la ruta para la verdad"

Então no 5º dia esta foi a nossa alvorada, envoltos em motos deitadas, outras atrás dos arbustos para evitar sermos vistos da estrada.
Não houve maneira de evitar uma sobremesa após o acordar. Belo, num cenário com árvores, montes e animais a mistura; contagiou de tal modo que era-nos duro sair do spot para arrumar as nossas tralhas. Mas a vontade de colar o punho e assapar na terra falou mais alto e penso que em 90 minutos tinhamos tudo pronto.

Começámos a aperceber-nos que fazia parte do passeio, ensinar o Coruja a acomodar a sua imensa carga na AT. Era sempre pela manhã o período mais complicado, dava sempre para fumar um ou dois cigarros enquanto ele nos pedia ajuda, e ainda nos ria-mos um bocado ao vê-lo a estrebuchar.



Nisto já seria para ai 13H quando voltámos ao último ponto do roadbook para seguirmos a rota. 3 ou 4 pontos depois deparámo-nos com um portão trancado a cadeado, todo o terreno vedado, um riacho impossivel de passar faz-nos perder mais trinta ou quarenta minutos a descobrir uma alternativa. E quando voltámos á rota um pouco mais a frente, deparámo-nos no interior duma prorpriedade com dezenas de Vaaacas e Booois a impossibilitar-nos a passagem, das quais 5 ou 6 estariam mesmo em cima do trilho. Dessas, 2 afastaram-se e as restantes permaneceram obrigando a comandita a sair do trilho. Olha se não tivessemos motos TT, já estariamos parados a espera que suas excelências vacas fossem ruminar para outro lado... Optámos por parar um pouco á frente onde seria possivel fotografá-las a ao lado de uma ponte Romana e do mesmo riacho; Depois fomos à sobremesa outra vez.




Nas há nada para apontar nas 3 horas seguintes, visto que, um pouco tarde, mas sempre com bons dias de sol a crew estava a seguir o projecto. Combinando a capaçidade física para andar de moto e a perspicáçia de ler estes mapas pouco usuais denominados de roadbook's.


É sim a 10 km do final da etapa onde não era difíçil de passar, mas sim impossível; é de notar que estes vagabundos já estão trés habitué a retirar o "im" de imposível, e tomando em atenção que é muito importante cumprir o roadbook meticulosamente, viram-se então forçados a retirar / arrastar um mega calhau (do tamanho de uma boa mala de viagem) do meio de uma pilha de calhaus, na realidade aí colocados pelo Sr. Presidente da Câmara não-sei-de-qual com o propósito de impossibilitar a passagem.

Perguntámos a um vizinho que morava aí a jusante se estaríamos no caminho certo. O pastor confirma-nos que esse estradão iria dar encontro á vila de Campo Maior, e responde-nos com com tristeza que já nem os seus cavalos nesses 2 pontos criticos onde foram colocadas as pedras. Ouvimos o pastor falar com o sentimento de tamanha impotência perante a situação de ter um bom terreno de pasto frente a sua casa, não sendo possivel aceder-lhe. Nós tomámos uma posição diferente, e as nossas motos de 20, 30, 40, 50 e 60 cavalos potência superaram esses dois pontos críticos.



Mais grave que porem os riders a arrastar calhaus durante o passeio, foi o facto que nesse processo ficámos com um membro da crew, Duarte Mota, incapaçitado fisicamente. Enquanto nos movíamos num ritmo frenético procurando sair daquele lugar, o Duarte andava a pé, e não observou bem o entulho existente, ao que espetou no pé uma ponta levantada duma grade de vedação. O ferro da espessura do carvão dum lápis trespassou a bota, entrando dois ou três centímetros no pé.
Já estávamos quase para ir á sobremesa enquato se fazia o curativo no Duarte, mas não, seguimos a rota até que rapidamente temos encontro com a barragem do Caio, a dois kilometros do campismo de Campo Maior. Estávamos a completar a estapa com o sol das 18H, sobrando então tempo discutir os planos do dia seguinte, apreciar da sobremesa num agradável open space, atestar os depósitos, comer um gelado, e montar tenda ainda de dia.
O jantar foi no campismo, e deitámo-nos cedo, depois da sobremesa...

Fotos por Pedro Carrilho.

sábado, setembro 12

Cheirinho detalhado da viagem

Na sexta-feira 3 de Abril deslocamo-nos de Africa Twin e de Transalp do Porto para Setúbal. Chegámos já às 18H, às 21 chegaria ao Hotel a nossa carrinha da apoio, que trouxe do quase toda a carga necessária para 15 dias dum passeio que viria a ser um teste á nossa perspicácia e astúcia num rol de contratempos e imprevistos, que naturalmente se adivinhava que surgissem... Em cima da carrinha vinham uma CRF250X, uma Ajp200 e também uma XR250 sedentas de kilometros, terra e lama.
No dia seguinte pela manhã a travessia para tróia foi pelas 13H, então à saída do ferry o cenário já era este.


Seriam já 16H tínhamos todos o estômago estava a arranhar, serve-se já um snack! Até serve para levantar a moral depois das peripécias efectuadas na areia! Na teoria os novos pneus cardados deveriam tornar a condução na areia, mais acessível. Acontece que o factor experiência está pertinentemente associado à qualidade da condução, e nesse caso os condutores dos mamutes não fugiram a regra, quando por diversas vezes pediram ajuda para levantar as motos da areia. Devo dizer que concordei com o Pedro da Touratech (conhecedor dos areais e representante da Touratech) quando nos descreveu a Comporta como "o mais parecido com o inferno". No meio das primeiras quedas, óculos ofegados pela respiração, atolanços mais um par de quedas, umas sandes para repor energias, mais 3 quedas num espaço de 100m, já ia para cima de 10 tombos quando descobri "aquela posição" ideal , e a velocidade mínima para transportar 200 e tal quilos sobre a areia, já contava duas dúzias de kilometros sobre a areia. Seguíamos já na direcção oposta ao sol até me aperceber do furo na roda de trás da Transalp, obrigou-nos a sair da areia, e seguir por asfalto até ao parque de campismo de Alcácer do Sal, onde pernoitamos por duas noites. Então para ocupar-mos o nosso tempo, tivemos de desmontar a roda da TA, depois do jantar em Alcácer, sobremesas, voltámos ao campismo, tomámos mais uma sobremesa, e cama. Planeámos então levar a roda na manhã seguinte ao José Deitado de Azeitão.

Dia2 pelas 11H já estávamos todos acordados, faço uma chamada para para o José Deitado, e tenho resposta positiva, rapidamente se prontificou a deslocar-se à sua oficina, numa tarde de Domingo para ajudar no meu pedido de SOS. Num instante prendo a minha roda a moto do coruja, e faço o caminho inverso (+ 1H de viagem para trás, exactamente de onde tínhamos estado no dia anterior a montar os novos pneus dos mamutes).

Antes de o ferry atracar no porto de Setúbal, alguém me toca no ombro para eu despertar, e avisa, "cuidado, já vais com o pneu da frente furado!" Então para mal dos meus pecados, estou a resolver o meu problema, com a ajuda duma moto emprestada, e ainda tenho 15 kilometros para fazer com um pneu furado...

Nos primeiros momentos em que estive na companhia do José Deitado, confesso que estaria um pouco em baixo, ponderando a viabilidade do passeio continuar, em que vila é que eu iria ter o próximo problema relacionado com a moto, elas aguentariam??

Muda-se a minha roda, duas rodas incluindo o pneu da frente da AT, e na dúvida por descargo de consciência verifica-se o pneu de trás da AT, e como por bruxedo, estava furado também! Já contámos então 3 furos.

No meio de conversa sobre o futuro do Motocross, a cidade do Porto e Setúbal, e o meio rural, até esqueci o facto de estar de estar vestido apenas com uma t-shirt, (quando ainda tinha 1 hora de viagem para Alcácer já sobre aquele fresquinho de fim de tarde) e levantei o ânimo, comprei mais 2 câmaras de ar sobresselentes e despeço-me, agradecido pela ajuda e simpatia do mecânico. ! hora depois regresso ao campismo com uma roda em cima da AT, 2 câmaras novas e ainda uma garrafa de ginginha oferecida pelo José Deitado! Coitados dos outros membros da equipe, que passaram o dia a apanhar sol, e a recortar e colar roadbook's.

Resolvi o problema, e a caravana poderia então seguir a rota na manhã seguinte.

No 3º dia foi a 1ª vez que desmontámos a enorme tenda, e esse facto, entre outros ajudaram a caravana de motos a partir apenas pelas 12/13H, muito satisfeitos por estarmos a rolar, começo a sentir o intenso cheiro a gasolina a vir da TA, apercebo-me que a torneira de combustível ficou meio desapertada com as quedas que teve na comporta; esse incidente resolveu-se simplesmente com uma chave 18, menos simples foi encarar que tínhamos perdido um estojo completo de ferramentas, ficando apenas com o estojo de ferramentas essencial que vem de origem na Transalp, para o restante passeio.



Já seriam então 14H e apenas a 15 kilometros de Alcácer na bonita vila de Santa Catarina optámos por fazer a primeira incursão em terra que nos saiu literalmente "furada". Desta vez o azar veio na Ajp do Lula que furou o pneu traseiro. Não houve spray furo nem compressor que nos permitisse ir até ao mecânico. A caravana voltou a parar, o entusiasmo de seguir por off-road parecia desaparecer, tínhamos no entanto que arranjar uma solução rapidamente que nos permitisse pairar por outras terras, já que Stª Catarina era bonita, apenas de passagem.


Estávamos cansados, e ainda temos de voltar atrás por causa de outro furo?? Ninguém tem câmaras sobresselentes roda 18?? Nem sacas-pneus?? Era óbvio que ninguém estava preparado para mudar um pneu, logo para esses problemas a solução é sempre chamar o reboque pago pelo seguro, indicando não o furo do pneu, mas sim uma história que a moto tinha ido abaixo numa curva (problemas de electrónica) e para evitar a queda teve de se desviar, entrando por um trilho com arame farpado... já sabemos que os condutores de reboque não são burros, mas sem dúvida muito mal encarados (acho que foi por interromper o horário de almoço do Alentejano) não levou a moto do Lula para Évora (já que era nossa pretensão avançar), mas sim para Alcácer novamente! A falta de técnica do homem do reboque era notável, ao prender a moto com 4 cintas, e força excessiva, o que resultou num pneu danificado pela jante (que mais tarde viria a dar problemas novamente).
Ficámos na vila a petiscar, enquanto esperámos o regresso do Lula de Alcácer..

Alcácer está a tornar-se demasiado presente, quando o nosso percurso guiado por roadbook's começa apenas em Reguengos de Monsaraz.
De repente cada um decide tomar a sua direcção, para dar a sentir a sua moto um cheirinho daquele que é o seu ambiente predilecto, a terra batida, sob o compromisso de serem breves, pois o lula estaria aí a chegar.



Assim que o Lula chegou, tomámos uma grande estrada em off-road que nos levaria quase á entrada de Évora. Já contávamos com 4 furos de pneus, e ainda antes de chegar a Évora, esse pneu que o Lula reparou, descalça da jante, ficando assim uma grande bolha de fora da roda que era a câmara-de-ar. Outro incidente ainda no mesmo dia, que nos obrigou a remendar esse pneu, enrolando-lhe uma cinta inteira em 30% do pneu ali mesmo numa bomba da gasolina em Alcáçovas. Encontrámos também nesta vila gente muito simpática e prestável, que sem contarmos, nos oferecem aquilo que agora era essencial para prosseguirmos viagem; um pneu usado mas em bom estado para a moto do Lula. Juntaram-se 7 ou 8 pessoas a volta da moto, que nos faziam companhia já pela noite, enquanto uns mudavam o pneu, e eu tratava do jantar que decorreu ali mesmo na bomba de gasolina.
Já passava de meia-noite quando saímos de Alcáçovas, entrámos às 2H da manhã no parque de campismo de Évora, não havendo ninguém na recepção montámos as tendas silenciosamente. Á noite tenho tempo para fazer o meu café e guardar na termos, era agora altura de conversar e rezar para que no dia seguinte não houvessem tantos incidentes desagradáveis.
Já estaríamos a 50 kilometros do início do percurso, a esta hora da noite já estou eu a conversar com o caderno, quando eles já adormeceram a pensar na grande partida do dia seguinte.
No 4º dia acordámos no parque de campismo de Évora até com alto ânimo para fazer os 50 kilometros que nos separavam de Reguengos de Monsaraz, e até desmontámos a tenda bastante rápido; carregámos as "burras" mais rápido que no dia anterior, e não tendo cartão do parque (porque ninguém nos viu entrar) decidimos sair sorrateiramente numa filinha indiana (na realidade também só pernoitamos por 6 horas).
Seguimos por asfalto até á vila de Monsaraz, onde almoçámos, verificámos óleos das motos, correntes e certificámo-nos que estaríamos prontos para dispensar qualquer bem ou serviço existente nas cidades. O que quer que precisasse-mos teríamos que arranjar espaço na bagagem, e carregar connosco.
Iniciámos então a primeira etapa navegando com 4 roadbook’s, apenas o lula dispensava a navegação visto que não tinha odómetro. Parámos frente á igreja no interior do castelo/vila de Monsaraz, coloca-se os conta-kilometros a zero, e muita atenção para não nos perdermos! Ainda nos divertimos imenso na primeira etapa, mas rapidamente ficámos perdidos às voltas nas águas do Alqueva, e ai lembrámo-nos que segundo a revista, era esta etapa “um passeio em vias de extinção”. Nisto somos forçados a parar, e rapidamente encontrámos um cenário idílico em que tirámos uma série de fotos, tomámos umas sobremesas e discutimos a direcção a seguir.
Espontaneamente surgiram altos programas e ideias não muito rigorosos, e a caravana acabou por seguir por asfalto até á próxima etapa, Vila Viçosa, onde voltámos a reunir mais alguns mantimentos, e iniciámos a etapa já no sol de fim de tarde. Tínhamos pouco tempo para montar a tenda, logo fizemos apenas meia dúzia de kilometros, até que entrámos por entre vales e descobrimos um sítio porreiro em que nos permitiu fazer a primeira noite de campismo selvagem. Tememos pela nossa vida quando de uma forma irresponsável tentámos assar um chouriço no interior da tenda ( alto lá, na zona mais ampla daquelas tendas com 2 quartos , não sou maluco tá??), e fomos assolados pelo vento que corria nas aberturas de tenda. Aí é que foi o êxtase ao tentar apagar a chama, e a vê-la ganhar vida, lutando contra nós! Okay, o chouriço fica para outro dia, chegou a nossa hora de recolher.



A próxima história e mais fotos virão em breve.

Fotos por Pedro Carrilho.